Justiça determina permanência da Assessoria Técnica Independente em Itabira 5i4r4c

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A aprovação do Plano de Trabalho 2 (PTR-2) prevê mais dois anos de acompanhamento técnico às comunidades atingidas 2e3373

Justiça determina permanência da Assessoria Técnica Independente em Itabira
Roda de conversa com os atingidos pela descaracterização do Sistema Pontal – Foto: Giovanna Victoria/DeFato
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A Justiça determinou que a Assessoria Técnica Independente Fundação Israel Pinheiro (ATI-FIP) deverá continuar dando apoio às comunidades atingidas pelas obras da Vale no Sistema Pontal, em Itabira. A decisão foi tomada na última sexta-feira (6), após um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). 

A intervenção do MPMG ocorreu após toda a equipe da ATI/FIP ter iniciado um processo de desmobilização total em Itabira, devido ao encerramento da primeira fase dos trabalhos no território dos bairros Bela Vista, Nova Vista, Praia e Jardim das Oliveiras. Além disso, também havia uma indefinição sobre a aprovação do Plano de Trabalho 2 – que deve ser custeado pela mineradora Vale. 

 “Com o fim do primeiro plano e a ausência, até o momento, de novos recursos para o segundo, as trabalhadoras e os trabalhadores da Assessoria entraram em aviso prévio. Caso o Plano de Trabalho 2 seja aprovado e os recursos sejam liberados, a desmobilização pode ser suspensa”, explicou a ATI/FIP, em comunicado oficial, publicado no dia 4 de junho.

Agora, com a decisão judicial, o novo plano de trabalho da ATI foi autorizado, mesmo que ainda não exista uma decisão final sobre ele. A aprovação do Plano de Trabalho 2 (PTR-2) prevê mais dois anos de acompanhamento técnico às comunidades atingidas. “Até que tudo seja resolvido, a decisão do juiz é clara: a atuação da ATI deve continuar normalmente, com todas as suas atividades. Por que isso é importante? Porque a decisão protege os direitos das pessoas atingidas, e garante que ninguém fique sem informação, sem apoio técnico ou sem espaço para participar das decisões que afetam suas vidas”, publicou a ATI/FIP em suas redes sociais.

 

Assessoria Técnica apontou atrasos nos rees da Vale – que negou a acusação 

Na primeira semana de junho, toda a equipe da Assessoria Técnica Independente da Fundação Israel Pinheiro havia iniciado um processo de desmobilização total. A medida ocorreu após o encerramento do Plano de Trabalho 1, que garantiu a atuação dos profissionais no território desde setembro de 2023 e havia sido encerrado. 

De acordo com a ATI/FIP, apesar de atrasos no ree de recursos por parte da Vale — empresa ré na Ação Civil Pública (Nº 5002708-51.2022.8.13.0317) que reconhece o direito à ATI — os trabalhos foram mantidos até maio de 2025. Em nota enviada à DeFato, a mineradora contrapôs a ATI/FIP e afirmou que não houve atrasos nos rees. “A Vale esclarece que não há nenhum atraso no ree de recursos por parte da empresa e que segue cumprindo as determinações judiciais nos prazos estabelecidos”.

Relembre

As equipes da ATI/FIP atuam junto às comunidades dos bairros Bela Vista, Nova Vista, Praia e Nossa Senhora das Oliveiras (atingidas pelas obras de descomissionamento e descaracterização das barragens e Diques do Sistema Pontal, operado pela Vale), tendo como função garantir o o à informação e à participação qualificada das famílias atingidas – reduzindo as desigualdades na interlocução com as empresas e instituições responsáveis pela reparação dos danos.

A existência da ATI está prevista por normativas nacionais, como a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB), Política Estadual dos Atingidos por Barragens (PEAB) e a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC).

A contratação da Assessoria foi determinada por decisão judicial cautelar, em resposta à Ação Civil Pública (A) movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em 2022. Na decisão, a Justiça reconheceu a existência de danos socioambientais, patrimoniais, morais e, de forma inédita, à saúde da população, determinando a reparação integral e a presença de assessoria técnica independente.

As obras, atualmente em curso no território, são classificadas como emergenciais, voltadas à segurança das comunidades. O início efetivo do descomissionamento das estruturas do Sistema Pontal está previsto apenas para o período seco de 2027, condicionado à obtenção do licenciamento ambiental específico. Os projetos estão sob análise da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).